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sábado, 25 de setembro de 2010

Elis Regina em foco (Em crítica de Daniel Más)

Ela escolheu para seu repertório as duas músicas de que ela mais gosta do Lupicínio. Aliás, ambas com excelentes gravações da cantora Núbia Lafayette (Cadeira Vazia e Maria Rosa). Elis começa dando um tom dramático, o que poderia ser curioso. Mas não consegue o dramático. Fica no sério. Ela quer fazer um pouco o gênero de intérprete antiga. Mas a sua antiguidade não é antiguidade, “é fora de moda”.(...) No geral, o problema de Elis ainda é representar demais, o tempo todo, tanto em disco quanto no palco. Não passa um segundo de sinceridade. Nem mesmo quando, por um momento, ela volta à gaiatice dos velhos tempos cantando, de Gilberto Gil, Amor Até o Fim.(...) Não sei realmente o que há com Elis que não consegue entender as músicas e sobretudo as letras. Nem mesmo quando são feitas para ela e claras como a do Gil cuja letra vai assim: “O compositor me disse para cantar descontraidamente...” É claro que ela não consegue cantar descontraidamente. Jamais conseguirá.(...) Mais sanguinária que qualquer dos filmes de Pekinpah. Ela confunde grito e berreiro com agudos e outras coisas, enfim, enfiando no bolso aquela sua fase modesta e contida em que jamais levantava a voz, dando apenas técnica.

Crítica de show assinada por D.M. (Daniel Más), publicada na revista Status de fevereiro de 1975. Daniel faleceu em 1989.

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