Ela escolheu para seu repertório as duas músicas de que ela mais gosta do Lupicínio. Aliás, ambas com excelentes gravações da cantora Núbia Lafayette (Cadeira Vazia e Maria Rosa). Elis começa dando um tom dramático, o que poderia ser curioso. Mas não consegue o dramático. Fica no sério. Ela quer fazer um pouco o gênero de intérprete antiga. Mas a sua antiguidade não é antiguidade, “é fora de moda”.(...) No geral, o problema de Elis ainda é representar demais, o tempo todo, tanto em disco quanto no palco. Não passa um segundo de sinceridade. Nem mesmo quando, por um momento, ela volta à gaiatice dos velhos tempos cantando, de Gilberto Gil, Amor Até o Fim.(...) Não sei realmente o que há com Elis que não consegue entender as músicas e sobretudo as letras. Nem mesmo quando são feitas para ela e claras como a do Gil cuja letra vai assim: “O compositor me disse para cantar descontraidamente...” É claro que ela não consegue cantar descontraidamente. Jamais conseguirá.(...) Mais sanguinária que qualquer dos filmes de Pekinpah. Ela confunde grito e berreiro com agudos e outras coisas, enfim, enfiando no bolso aquela sua fase modesta e contida em que jamais levantava a voz, dando apenas técnica.
Crítica de show assinada por D.M. (Daniel Más), publicada na revista Status de fevereiro de 1975. Daniel faleceu em 1989.
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