Seu véu caia sobre seus cabelos sedosos, como como se de nuvem, aquilo fosse feito. Estava arrumada, no vestido, sufocada. Sua maquiagem, suave, como gostava. Unhas pintadas. Cabelos arrumados. Apenas sua mente estava desarrumada. A moça oscilava no pra sempre, como sempre, não sabia o que queria. Não queria aquele sorriso falso para todo o sempre.
Era insegura desde pequena, não sabia se queria o novo modelo da Barbie no Castelo de Diamantes ou se queria aquele carro cor de rosa que tocava musiquinhas. Na adolescência, não sabia se o salto de camurça preto era mais belo que o sapato de verniz. Seu maior problema não era esse, e sim, o poder de escolher os dois. Seu pai era um dono de uma grande empresa, viajava toda a semana, nunca deu atenção a sua pequena e doce filha. O único modo que o poderoso chefão achou para preencher aquele rancor e tristeza. que acumulou-se pela ausência de sua presença, foi através de brinquedos, roupas, cartões de crédito e tudo que envolvesse capital. Foi uma menina criada com dificuldade, uma menina que não precisava escolher.
Estava lá, no dia 11 de setembro, mesmo dia do grande atentado aos Estados Unidos, sentada no banheiro com a porta trancada, chorando compulsivamente. Em algumas horas um anel entraria em seu dedo e selaria um pacto com um homem que ela não sabia se amava de verdade. Chorava de ódio, por sua infância, por tudo o que fizera, por não saber o que fazer. Sua maquiagem fora se desfazendo, os grampos de seu lindo cabelo foram soltando e o maldito vestido branco estava a sufocando. Estava sufocada, não só pelo vestido, mas por si mesma. A moça nunca teve fé, mas naquele momento, rezava para todos os santos que ouvira sua empregada dizendo. ''Por favor meu Deus, me dê uma luz! Diga-me o que eu faço'' dizia toda vez que conseguia parar de soluçar. Queria um modo de sair daquela sinuca, sem machucar o homem e sem se machuca. Não encontrara resposta lúcida para aquela questão. O choro se calou.
Após umas duas horas, sentiram a falta da noiva. Perceberam a porta trancada, ninguém respondia. Bateram e gritaram o nome da moça, ainda ninguém respondera. Resolveram arrombar a porta. O noivo, nervoso e irritado, jogou seu corpo contra a porta uma, duas, três vezes. A porta se abriu. Viram ela deitada no chão, com os cabelos bagunçados e a pele pálida, ao lado de uma poça de sangue. Um fundo corte no pescoço, foi assim que terminou. A mulher, a frágil menina, ficou louca dentro daquele cubículo, quebrou o espelho com sua mão e, com um afiado caco de vidro, matou-se enquanto chorava.
Postado por Pedro Alcamand Mota (05/09/2010 a 19/10/10)
Nenhum comentário:
Postar um comentário