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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Situacionismo I - O que é?


Situacionismo é um movimento europeu de crítica social, cultural e política que reune poetas, arquitetos, cineastas, artistas plásticos e outros profissionais. Seu início data de julho de 1957, com a fundação da Internacional Situacionista, em Cosio d'Aroscia, Itália. O grupo se define como uma "vanguarda artística e política", apoiada em teorias críticas à sociedade de consumo e à cultura mercantilizada. A idéia de "situacionismo", segundo eles, se relaciona à crença de que os indivíduos devem construir as situações de sua vida no cotidiano, cada um explorando seu potencial de modo a romper com a alienação reinante e obter prazer próprio. Do ponto de vista da reflexão, as principais fontes dos situacionistas são utopistas como Charles Fourier e Saint-Simon, hegelianos como os filósofos alemães Ludwig Feuerbach e o jovem Karl Marx. O clima intelectual e político francês dos anos 1950 e 1960 alimenta o movimento, que, por sua vez, auxilia a redefinir os contornos da época. A tradução francesa de História e Consciência de Classe, de Georg Lukács, a edição dos dois primeiros volumes da Crítica da Vida Cotidiana, de Henri Lefebvre, as reflexões dos pensadores da Escola de Frankfurt, e as revistas Socialismo e Barbárie e Argumentos, entre outros, marcam a reflexão social, cultural e política do momento, apontando para os efeitos perversos do capitalismo avançado, bem como para a necessidade de alterar a ordem social pela reinvenção da vida cotidiana. A utopia maior que norteia o situacionismo é a projeção de uma sociedade comunista próxima aos ideais anarquistas, capaz de ser alcançada pela recusa radical do autoritarismo de Estado e da burocracia.



Às reflexões teóricas os situacionistas associam uma série de intervenções - distribuição de panfletos, declarações, envio de telegramas etc. - com o objetivo de marcar com clareza suas posições sociais, culturais e políticas. No âmbito da atuação política, o grupo se engaja em formas de apoio aos movimentos de contestação que ocorrem na época. Apóiam as revoltas das comunidades negras de Los Angeles, Estados Unidos, em 1965; as iniciativas operárias, fora dos sindicatos e partidos; as atividades de autogestão e os conselhos operários criados na Espanha e Argélia; o movimento estudantil e os acontecimentos de maio de 1968, suscitados com a contribuição do grupo. Do ponto de vista artístico, as principais fontes do movimento são o dadaísmo e o surrealismo - sobretudo pela conexão por eles defendida entre arte e vida - e o letrismo1 do poeta romeno Isidore Isou e do pintor francês Gabriel Pomerand. Frutos de dissidência no interior do letrismo, A Internacional Letrista e o boletim Potlach, 1954/1957, criados por Michèle Bernstein, Mohamed Dahou, Guy Debord, Gil Wolman, entre outros, desenham um primeiro esboço das teses situacionistas. A intenção estratégica de Potlach, segundo Debord, um dos expoentes do movimento, é promover a "reunificação da criação cultural de vanguarda e da crítica revolucionária da sociedade". E a Internacional Situacionista, afirma ele, em 1985, "é criada sobre essa mesma base". Articulações entre arte e vida, arte e política, arte e cidade, são alguns dos eixos do letrismo internacional retomados pelo situacionismo. Trata-se de ver a poesia, "para lá da estética", nos rostos dos homens e na forma das cidades, anuncia o nº 5 do Potlach, 1954. "A nova beleza", dizem eles, "será de SITUAÇÃO, quer dizer, provisória e vivida." A idéia de realizar intervenções no ambiente, cara aos situacionistas, já está posta. Práticas como a "deriva", a "psicogeografia" e o "desvio" defendem as perambulações ao acaso pela cidade e estimulam as reinterpretações do espaço com base na experiência vivida (ver o Guia Prático para o Desvio, 1956, de Wolman e Debord). As práticas e intervenções no espaço urbano têm como fonte a crítica da vida cotidiana; por isso o urbanismo e a arquitetura constituem dimensões fundamentais para letristas e situacionistas.

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