foto: bolshevixen.deviantart.com
Naquela noite de chuva forte, quando ele resolveu ouvir seus discos antigos, lá estava, todo empoeirado, um que ele mesmo gravou, com suas músicas preferidas de tempos atrás. Deitado na cama, entre um antigo sucesso e o outro, toca uma música que o fez arrepiar. Ele não sabia se passava ou se continuava ouvindo, mas não resistiu a todas aquelas lembranças de um passado delicioso e do início daquela paixão.
Às três da manhã, bêbados em uma mesa do bar que já estava fechando, resolvem procurar alguma diversão em outro lugar, sem sucesso.
_ Moramos próximos, me acompanha? _ decidem ir embora.
E naquele morro, naquele canto escuro que parecia já ter sido preparado para a ocasião, aconteceu o primeiro beijo, cheio de medo, êxtase e a mistura gostoso-proíbido de um beijo quente, que de tão intenso chegava a doer.
No outro dia ele acordou como se estivesse no céu, ainda não acreditando no que tinha acontecido. Era incrível demais para ser verdade e sua felicidade era tão transparente que ele só não gritava para o mundo porque havia prometido segredo na noite passada.
Segredo. Passaram a se ver todos os fins de semana, depois das festas, escondidos. Pareciam duas crianças, espíritos errantes na noite em busca do desconhecido. Não importava se chovia ou se fazia muito frio, cada canto escuro era como uma cama quente e quando eles se abraçavam seus peitos se encontravam e se fundiam de forma que chegava a ser difícil quando era hora de separar.
Aos poucos todos os medos foram se dissolvendo e perdendo a forma, mas era ainda um amor avesso, sem sentido nem possibilidade de dar certo. Era uma aventura com um esperado final desastroso, mas mesmo assim continuavam se vendo, cada vez de forma menos discreta. O perigo excitante de todos os seus mau-feitos; abusaram de todas as formas possíveis da liberdade que todos possuímos mas quase nunca usamos. Estavam no céu, ele tinha certeza disso.
Com o tempo veio o pedido de namoro, depois os primeiros beijos públicos. Trocaram os cantos escuros por camas quentes, o frio da rua pelas noites em casa vendo filme e comendo pizza, as diversões proibidas por encontros marcados na pracinha.
Com o tempo veio a rotina, as brigas, e no fim das contas o desinteresse.
Quase dois anos e já mal se lembravam das deliciosas sensações do primeiro encontro. Cada briga, cada dificuldade familiar, cada desencontro, tudo começou a deixar a relação pesada demais a ponto de torná-la incômoda e insatisfatória. Ele se perguntava frequentemente onde estava aquele ímpeto que sempre trouxe forças para que eles enfrentassem tudo pra ficarem juntos, mas não entendia o que tinha acontecido.
Foi numa tarde calma, num café, que se desencontraram de vez. Com certo receio se despediram e por fim trocaram o beijo quente por um aperto de mão. Pouco tempo depois eles não se falavam mais, apenas trocavam olhares distraídos, com certa mágoa.
Hoje em dia, eles não se conhecem, talvez nem se reconheçam. Sobraram apenas as lembranças, do rosto e dos gostos que ele jamais se esquecerá.
lindoo adorei, pena q só ficou na lembranças.... :)ah o visual do blog fico show tb.
ResponderExcluirrodolfo..
Que coisa linda Lugh! Você é muito fofo!
ResponderExcluirMas até quando isso deve continuar? =]
ResponderExcluirdemais!