
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua com ciúme:
"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Misera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
"Pesa-me esta brilhante aurora de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbrela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua com ciúme:
"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:
"Misera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
"Pesa-me esta brilhante aurora de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbrela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
- Machado de Assis
Victor
ResponderExcluirBelíssimo texto. O ciclo da vida, esplêndido.
Não nos colocamos no lugar do outro, não é mesmo?
Beijo
Carla
Oi Carla
ResponderExcluirÉ sim um excelente texto. A literatura de Machado nos encanta.
E é exatamente isso, não é? O círculo vicioso da inveja: eu quero ser alguém que não sou e, muitas vezes, esse alguém quer ser o que sou.
Grande beijo.
Victor.